sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Desilusão

“Desilusão, Desilusão, danço eu dança você, na dança da solidão”. A Desilusão é uma palavra muito forte, o desapego da esperança. Muitos revolucionários dizem que não somente o estado de miséria é capaz de alimentar o espírito revolucionário do povo, e sim a desilusão de melhoria, a solidão da falta de esperança. A desilusão é o alimento da esquerda. 

Muitos, inclusive, vibram com situações com a precarização do povo, veem diminuição de direitos como alimento da sua tentativa de chegar ao poder. No final de contas, estes só usam demandas da população como plataforma políticas. São contrarrevolucionários antes mesmo da revolução. Che Guevara dizia que o principal problema do pensamento revolucionário de vanguarda é a separação entre eles e massa, passam a focar tanto num determinado ideal que esquecem das reais demandas da população, havendo aí a quebra do pensamento revolucionário. 

Quando, num determinado momento histórico, uma força política que logrou representatividade e legitimidade diante da classe trabalhadora para representá-la desvia de seu rumo e sofre as auguras do transformismo, ele não perde de imediato a referencia dos trabalhadores, mas estes sabem que há algo errado. Che percebeu que isso ocorria em Cuba, e isso ocorre com a esquerda brasileira, que ou se corrompeu, ou se isolou na vanguarda. 

O contrarrevolucionário, continua Che, não é apenas o que luta contra as transformações, mas também “aquele senhor que valendo-se de sua influência, consegue uma casa, consegue depois dois carros […] obtém tudo que o povo não tem”, e conclui: “contrarrevolucionário é todo aquele que contraria a moral revolucionária”.

Então a esquerda nunca esteve tão fraca? Talvez sim, mas ainda resiste em movimentos como MTST que conseguiu, até o momento, unir a ideologia revolucionária e as reais demandas da população. Por outro lado, a essência do movimento contrarrevolucionário cresce como nunca, e como disse Zizek “O crescimento do fascismo é, em outras palavras, o fracasso da esquerda e, simultaneamente, prova de que subsiste um potencial revolucionário, uma insatisfação, que a esquerda não é capaz de mobilizar.” Nem toda a direita brasileira é fascista, sei disso, mas quer, antes de mais nada, quer impedir avanços reais e necessários para nossa sociedade e cresce a partir da incompetência da esquerda. 

Diante disso, fico eu com a música do Paulinho da Viola  “Desilusão, Desilusão, danço eu dança você, na dança da solidão” torcendo por um caminho à esquerda. 

 

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