terça-feira, 20 de outubro de 2015

A parte não escrita sobre o abandono do bebê em Higienópolis


Notícia cruzou o Brasil: "Polícia detém mãe que abandonou criança em Higienópolis" 

A tocante e comovente reportagem coube em sua capa a linda médica que realizou o atendimento da criança. Entretanto em momento algum, tenta contextualizar a história da tal mãe.

Não coube que essa mãe habitava uma minúscula senzala próxima a área de serviço, também conhecida como "quarto de empregada".

Não coube que ela abandonou o bebê para não perder o emprego.

Não coube o pai.

Não coube que seus patrões ficaram 9 meses sem perceber que ela estava grávida.

Não coube que ela fez o parto sozinha no banheiro de empregada.

Não coube que a única frase dela que o jornal nos deixou que soubéssemos foi: "Fiz por desespero"

Não coube que ela esperou até o bebê fosse achado, enquanto corria para casa antes da patroa.

Não coube a filha de 3 anos, que agora está na senzala quarto de empregada sem a mãe.

Não coube que a mulher tem um filho de 17 anos que mora no nordeste longe da mãe.

Não coube que a poucas quadras dali existe uma clínica de aborto para os ricos de Higienópolis.

Não coube sequer os nomes dos seus senhores patrões.

Não coube que ela foi presa arrastada pela polícia de maneira covarde.

Óbvio, não coube toda a hipocrisia dessa situação toda.

Qualquer semelhança com "Que horas ela volta?" é pura coincidência

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