Discutem sofre a salvação do rock desde os anos 60, quando
os Beatles tornaram o seu som mais conceitual, já haviam burburinhos que o rock
estava morto. Lembro de uma mitológica entrevista do Mike Patton (Faith
no more) feita pelo Zeca Camargo ainda em tempos de MTV. O entrevistador
pergunta sobre a salvação do Rock, e Patton é categórico ao dizer “O Rock já
morreu”. Ele disse isso em 91, ano onde o Nevermind do Nirvana explodia, e os
Guns n roses eram um dos maiores artistas da época, tanto quanto Michael
Jackson ou Madona. Sobre essa ideia de que o rock morreu, ainda existem
entrevistas com Raul Seixas em que ele, já nos anos 70, dizia que o rock já
estava morto.
Dizer que algo precisa ser salvo remete a ideia que aquilo
corre perigo, mas o que corre perigo? O Rock rasgado do Led Zeppelin, o
espírito rebelde dos Ramones, o que está em perigo? Penso que esses sons estão
presentes em bandas modernas. Jack White ou wolfmothers são tão rock n roll
quanto qualquer banda dos anos 70, a já finada banda dos anos 2000, the
Libertines tinham integrantes mais malucos do que qualquer Sid Vicious. Por
este aspecto, os elementos básicos do rock estão aí sim.
Diziam antes que as gravadoras levavam o rock a morte, estas que por sinal, não atrapalharam no processo criativo dos Beatles, entretanto, essa era a desculpa clássica dos rockeiros pré-internet. As gravadoras morreram, se não morreram, estão em coma, e mesmo assim o rock continuou morto para alguns.
A pergunta não é “Como salvaremos o rock?” ou “Quem salvará
o Rock?” a pergunta correta é “O Rock precisa ser salvo?”
O primordial para salvação é que o objeto queira ser salvo.
E a quem interessa salvar o rock, salvar de que? Salvar da “popzação”? Ser Pop
nunca incomodou o rock, Elvis é um símbolo do mundo pop, então o berço do Rock
é muito pop. O Rock está ficando muito coxinha? Bom, os Beatles tocavam de
terno e com cabelos perfeitamente penteados, e o baterista do Avenged Sevenfold
morreu de overdose, então a teoria do rock ser coxinha é um pouco maluca.
Mas o rock não é mais protagonista? Sim, isso é verdade, a
maior banda da atualidade, o Arctic Monkeys, não tem metade da penetração na
mídia que o Nirvana teve, entretanto a Adele ou a Lady Gaga também não tem o
mesmo alcance da Madona. O Mercado musical está menor, isso não é só pro rock.
Hoje a mídia tem um pouco mais de dificuldade de mandar em quem o público
gosta, em 2013 ocorreu uma tentativa de se criar o pagode universitário, a
industria já estava deslumbrando o possível fim do sertanejo Universitário, o
termo Pagode Universitário foi relacionado a grupos como Sorriso Maroto e
Revelação, entretanto a massa queria mais sertanejo universitário, e a
tentativa da industria falhou miseravelmente.
Credito isso a internet que hoje distribui mais música do
que qualquer outro meio já distribuiu na história. Não gosta de sertanejo, não
gosta de Rock, sua área é o Reggae? O Soja lota casas de show no Brasil sem
nunca ter tocado no rádio massivamente. Pro Rock vale a mesma lógica, acreditem
em mim, existem MILHÕES de bandas de rock por aí lançando coisas de todos os
estilos.
Então parem de dizer que o rock morreu, o que morreu foi sua
vontade de procurar coisas novas. Essa preguiça de procurar coisas novas é
representada pela diferença entre o Lollapalooza e o Rock n Rio, o primeiro que
até o momento nunca repetiu uma banda, e o segundo que insiste em trazer o
Metálica pela milionésima vez. Olha que interessante, qual dos dois festivais
tem maior impacto no Brasil? O rock n Rio é claro, pessoas saem de todos os
cantos do Brasil para acompanhar o festival, movimento que não ocorre no
Lollapalooza. Talvez esses dois festivais já representem bem a resistência ao
novo que faz com que muitos digam que o rock morreu.
Então se você abre a boca pra comentar sobre a morte do
rock, recomendo procurar a Line Up do Lollapalooza, não só desse ano, procure
também as do anos anteriores, você vai ter contato com a vanguarda do rock,
garanto, você se surpreenderá com muitas bandas.
*Texto originalmente postado em Abril de 2015
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