Pensamento e ócio são indissociáveis. O
desenvolvimento do pensar só é possível a partir da reflexão, e reflexão só
existe com tempo livre. Ócio é lazer, descanso, passeio, mas principalmente
pensar. Já o negócio é o não-ócio, a negação do ócio. Podemos encarar que o
negócio sem o ócio não é nada produtivo, não é preciso muito conhecimento para
saber que agir sem pensar não é uma boa ideia.
Para Platão, o ócio era o principio da Filosofia, em conexão
com a Verdade (Verdade com V maiúsculo mesmo) e a liberdade, porque só pode-se
dedicar a Filosofia quem tem tempo para isso. Aristóteles definiu o confronto
entre ócio e negócio assim: “Somos ativos a fim de ter ócio”, daí a felicidade
que todos os trabalhadores e trabalhadoras têm ao receberem um aviso de férias.
Insistem que o conhecimento já não é produzido do ócio, e
sim do processo produtivo. Assim, nossa relação com a natureza mudou, queremos
dominá-la, explorá-la, adaptá-la às nossas necessidades, já o ócio pretende
contemplá-la.
Hoje, o ócio simplesmente não tem espaço. E até a breve alegria
de 30 dias anuais dos trabalhadores, isso para os que não vendem parte das
férias, se tornou um negócio, milionário por sinal. A industria do turismo não
deixa que nosso ócio seja só ócio. A humanidade conseguiu o improvável,
industrializar o ócio.
Mas não devemos encarar a necessidade de ócio como se ele
fosse alcançado somente nas férias, ou finais de semanas, quanto na realidade,
diariamente o tempo livre deve ser alcançado, tempo para pensar em problemas do
trabalho, em contextos, em situações. Sem ócio, nos tornamos meros
repetidores. Talvez nós já sejamos apenas uma cópia, de uma cópia, de uma
cópia, de uma cópia ...
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