segunda-feira, 11 de março de 2013

A verdade dói


Tempo, dinheiro e prestígio eram coisas que aquele velho tinha em abundância. Graças a seus feitos, era respeitado em todo reino, da família real aos mais humildes lenhadores. Durante os longos meses de inverno que massacraram aquela terra, sua casa era uma das únicas a receber queijos, frutos e aves frescas do governo. Qualquer coisa que quisesse obter ali, desde um simples pedaço de pão à terras do próprio rei, seria lhe integre.

Apesar de mais afortunado do que nunca, o velho nunca se sentiu tão triste. Seu filho mais querido havia sumido a semanas, e estava sendo acusado de crimes horrendos. Inclusive a que mais assustava a opinião pública do reino. A morte da linda criança, que possuía os mais belos cachinhos loiros do reino.

O velho estava a espera de notícias sobre seu filho, quando o silêncio da noite é interrompido pelo bater na porta, e o grito de uma voz que conhecia muito bem, do seu velho amigo caçador.

- Acharam seu filho, acharam seu filho.

O velho abriu a porta, com uma mistura de felicidade e vergonha pelos atos da pessoa que mais amava.

- Vocês o mataram? – Perguntou o velho olhando para baixo, devido a vergonha.

- Não, Não, ele está na prisão, mas o mais incrível é a confissão de vários outros crimes, sendo crimes muito mais assustadores, ele disse que ... O caçador foi interrompido pelo gesto de levantar a mão, pedindo silêncio, como se ouvir a confissão dos crimes da pessoa que mais ama, pela boca de outra pessoa fosse dolorido demais.

Ao chegar na prisão, o velho foi direto exclamando.

- Levem-me a meu filho já.

Devido ao respeito que todos tinham aquele respeitável senhor, o levaram diretamente a sala onde o meliante estava trancado.

- Por que fez isso? Por que matou a Cachinhos Dourados? O pai Perguntou indignado.

- Eu não a matei. Só informei a ela que encontraria três pratos de sopa, e três camas quentinhas prontas para se deitar. O problema foi que avisei aos ursos que haveria uma menina gorda dentro do seu abrigo. – E soltou um maquiavélico riso, e terminou. – Ela se tornou uma maravilhoso banquete para aquelas feras.

O velho não estava acreditando, e parecia estar atônico a que ouvia. Quando uma voz veio de traz dos dois, na entrada da porta.

- Parece que seu filho também é o responsável pelo sumiço das três sementes de feijão, que todos dizem que acabaria com a fome do nosso reino. Disse o homem da lei que acompanhava o encontro.

- Fez isso? – o Velho não queria acreditar

- Não - Respondeu seco o garoto - Só os dei para um menino inconsequente que subiu num pé de feijão e conseguiu a galinha dos ovos de ouro. – Fez uma pequena pausa, e colocou um sorriso em seu rosto, e concluiu. – Lógico que a venda dos ovos me trará lucros também.

- BASTARDO. Gritou o senhor, com uma raiva desértica dentro de si, compelindo um soco inesperado na barriga do Jovem. – Não deveria fazer isso, não lhe criei para isso.

- PARE DE ME BATER - Exclamou o jovem adulto – deixe terminar de contar meus crimes.

Havia mais crimes, e isso fez com que o velho sentasse numa cadeira próxima, como se não acreditasse no que ouvia da pessoa que criará. Podia não acreditar que aquilo tudo era verdade, sentia seu braço dormente, como se fosse ocorrer o pior a seu corpo. E o rapaz interrompeu o breve silêncio que consumia de tensão todos os presentes na sala.

- Sabe aquela criança que amava a avó, aquela que andava sempre com o capuz vermelho? Eu indiquei o caminho que a criança sempre percorria na floresta ao lobo. Eu odiava a forma como ela cantava – E disparou uma bela risada, e terminou -  Se não fosse o esse decrépito caçador, que diz ser meu padrinho, meu plano de me livrar daquela idiota se concluiria.

- Ela era uma criança. Falou sem acreditar, o velho, com a voz fraca como se não tivesse mais forças, pois sabia que aquilo não era mentira, tinha certeza que sua cria disse tristes verdades, e afirmou – Faz isso para chamar atenção.

- O senhor nunca me deu atenção, nunca! Sempre foi só trabalho. Disse com um certo grau de indignação o jovem.

E com suas últimas forças, o velho perguntou:

- Por que me envergonha perante ao reino?

O menino levantou, olhando o pai estirado na cadeira, totalmente sem forças. E gritou:

- POR QUE EU TE ODEIO.

Nesse momento o rapaz abaixou a cabeça para que ninguém visse o que inevitavelmente ocorreria, e quando levantou o rosto totalmente molhado pelas lágrimas, todos viram que seu nariz havia crescido de forma surpreendente. E repetiu com raiva.

- Eu te odeio. Mas dessa vez não falou com a mesma força, e seu nariz voltou a crescer, agora alcançando cerca de um palmo de sua posição original.  

3 comentários:

  1. O texto é muito bom... acaba com os mistérios das histórias infantis... e o jovem rapaz é certamente um caso para a psicanálise!!!

    ResponderExcluir
  2. Impressionante como a verdade consegue ser mentirosa!!!! =/

    ResponderExcluir

Lomadee, uma nova espécie na web. A maior plataforma de afiliados da América Latina.